O que sabemos sobre o rastreamento do câncer de próstata até o momento?
O câncer de próstata é o câncer mais frequente em homens, com aproximadamente 1.3 milhões de casos novos diagnosticados todos os anos no mundo. O teste de triagem com a dosagem no sangue do PSA, assim como o exame de toque retal, fazem um bom trabalho para identificar homens com a doença em estágio inicial.
Alguns casos de câncer de próstata respondem bem ao tratamento com cirurgia ou radioterapia. Em outros casos, não há a necessidade de tratamento, uma vez que o câncer cresce muito lentamente.
O problema é que muitas vezes é difícil separar o câncer de baixa agressividade de outros com características similares, mas que apresentam um comportamento agressivo. Por isso é difícil saber quando tratar e quando não tratar.
Se o rastreamento da doença for feito de forma precoce, mais homens com câncer de próstata de baixa agressividade serão identificados e potencialmente tratados. Esse efeito é conhecido pelos médicos como super-tratamento.
Em outras palavras, o super-tratamento ocorre quando o homem portador do câncer de próstata de baixa agressividade é submetido a um tratamento sem a necessidade real, assumindo os riscos dos efeitos colaterais que diminuem a q
ualidade de vida, como a incontinência urinária e a impotência sexual.
Por outro lado, se o rastreamento em todos os homens acima de 50 anos não for feito, mais homens deixarão de receber o diagnóstico e tratamento precoce, o que pode levar a maiores índices de morte prematura, pois o câncer passará a ser detectado apenas em uma fase avançada ou com metástases.
A tarefa da equipe médica é balancear os riscos e benefícios de cada estratégia, tratando a maior quantidade de homens com câncer de comportamento agressivo, ao mesmo tempo que diminui os efeitos indesejáveis do super-tratamento.
Por que os pesquisadores fizeram este estudo?
Dois estudos publicados em 2017 - um na Europa e outro nos Estados Unidos - forneceram as melhores informações sobre o rastreamento e o risco de morte por câncer de próstata. O estudo europeu descobriu que os homens rastreados tiveram uma diminuição na chance de morrer por câncer de próstata, quando comparados aos que não foram rastreados.
De forma contrária, o estudo americano encontrou números similares de mortes por câncer de próstata nos dois grupos, sugerindo que o rastreamento não traz qualquer benefício.
Como os estudos foram elaborados?
Nos 2 estudos originais, avaliaram homens com idade igual ou superior a 55 anos que foram selecionados aleatoriamente para o rastreamento do câncer de próstata ou não. Aplicaram métodos tradicionais estatísticos para comparar o risco de morte pelo câncer de próstata.
A limitação desses estudos é que alguns homens que deveriam ser apenas observados acabaram sendo submetidos ao rastreamento. Isso é conhecido pelos pesquisadores como taxa de contaminação do estudo e pode influenciar o resultado final.
Em contraste com os estudos originais, a análise atual usou uma abordagem diferente para examinar como a quantidade real de rastreio em cada grupo - excluindo a taxa de contaminação- afetou o risco de morte por câncer de próstata.
O que os pesquisadores do novo estudo encontraram?
Demonstraram que os 2 estudos originais apresentaram resultados notavelmente similares, quando a quantidade de rastreamento efetivamente recebida em cada grupo foi contabilizada e ajustada. Houve uma redução no risco de morte por câncer de próstata em 25% a 32% em homens que foram convidados para a triagem nos 2 estudos iniciais em comparação com aqueles que não foram selecionados.
Quais foram as limitações do estudo?
Os pesquisadores usaram uma medida resumida simplificada de quanto rastreamento foi realmente recebido em cada grupo de teste.
Quais são as implicações do estudo?
Os ensaios europeus e americanos concordam que o rastreamento do câncer de próstata diminui o risco de morte pelo câncer, em comparação com apenas a observação.
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