O ato de acordar várias vezes à noite para urinar é conhecido como ‘’noctúria’’, sintoma muito comum e relatado frequentemente pelos pacientes no consultório do urologista.
Em seu canal do Youtube, o Dr. Bruno Benigno (CRM SP 126265), urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Diretor da Clínica Uro Onco, explica um pouco mais sobre o assunto, suas causas, tratamentos e diferenças entre outros diagnósticos semelhantes.
Para conferir mais sobre o assunto, acesse o respectivo vídeo abaixo ou continue lendo para mais informações.
O especialista explica que em primeiro ponto, é importante distinguir noctúria - definido pela sociedade internacional de continência como acordar mais de uma vez à noite para urinar - de ‘’poliúria’’, que pode ser tanto diurna, quanto noturna e representa um aumento no volume da urina.
Ou seja, uma pessoa pode acordar várias vezes para urinar a noite mas em pouco volume, isso não seria poliúria, só caso fosse em grande quantidade.
Estima-se que em torno de 800 mil a 1 milhão e meio de consultas divido à noctúria são feitas no Brasil todos os anos. É um sintoma que impacta muito a vida dos pacientes, diminuindo a qualidade do sono.
Em idosos, pode aumentar o risco de tropeços e desequilíbrios devido à necessidade de levantar diversas vezes durante a noite, podendo causar até fraturas ou contusões em casos mais extremos.
Quais são as possíveis causas para a noctúria?
Uma redução da capacidade da bexiga.
Consequência de uma poliúria noturna.
Diabetes descontrolada, uma vez que os indivíduos que a possuem acabam naturalmente ingerindo mais água para eliminar o excesso de açúcar no sangue.
Insuficiência cardíaca, pois neste caso as pessoas acabam retendo líquido nos membros inferiores durante o dia pelos pulmões. Ao se deitarem, esse líquido reflui para o coração e é bombeado para os rins, causando uma maior quantidade de urina.
Hiperplasia benigna da próstata (HPB) e prostatite.
Bexiga hiperativa.
Bexiga hipoativa ou preguiçosa, em que o órgão acaba acumulando muito resíduo durante o dia, provocando mais vontade de ir ao banheiro à noite.
Causada por fatores mistos: ingerir líquidos em grande quantidade antes de dormir, utilização de medicações diuréticas à noite e infecções urinárias.
Como fazer o diagnóstico?
O Dr. Benigno esclarece que as principais ferramentas para o diagnóstico de noctúria são um diário miccional (anotar quanto volume de urina foi esvaziado durante o dia e noite), anotar a quantidade de líquidos ingeridos, para ser possível correlacionar se o paciente está urinando mais que 1⁄3 do volume urinário durante a noite - o que indicaria uma poliúria.
O médico ainda completa que uma entrevista detalhada com o urologista é importante para investigar medicações (como o uso de diuréticos), hábitos alimentares e outros itens relevantes que completariam o diagnóstico.
Em casos de suspeita de bexiga hiperativa ou hipoativa, um exame chamado ‘’estudo urodinâmico’’ pode ser realizado. É como se fosse um eletrocardiograma do órgão, em que são estudados o funcionamento, a capacidade e as pressões na hora do esvaziamento e enchimento. Com isso, é possível dizer se a bexiga contrai pouco ou com uma intensidade aumentada.
Exames para investigar a capacidade do coração e uma pesquisa para saber se o indivíduo tem diabetes podem ser indicados.
Como resolver este problema?
Quando o problema é causado por HPB, segue com medicações ou até com a raspagem da próstata (RTU).
Prostatite crônica ou aguda: antibióticos ou anti - inflamatórios.
Bexiga hiperativa: medicações que são anticolinérgicas e diminuem a excitabilidade da bexiga.
Em caso de diabetes, uma alimentação adequada, medicações orais ou até insulina podem ser prescritas pelo endocrinologista.
Insuficiência cardíaca: tratamento em conjunto com um cardiologista.
A utilização de diuréticos deve ser controlada e administrada em horários estratégicos do dia, de forma que evite ir diversas vezes ao banheiro durante a noite.
Ingerir líquidos em um período distante do horário de dormir e evitar alimentos estimulantes (como café) podem ajudar.
Em relação aos problemas urológicos, o Dr. Bruno explica que são utilizadas quatro classes de medicações:
Os alfa-bloqueadores (ex: tansulosina ou doxazosina), que relaxam o canal que passa por dentro da próstata, facilitando o esvaziamento da bexiga.
Medicações anticolinérgicas (solifenacina, oxibutinina, etc), que diminuem a vontade intensa da bexiga de contrair.
Diuréticos que podem ser gerenciados nos pacientes com insuficiência cardíaca durante o dia, para que ele urine mais nesse período e sobre pouco líquido para ser eliminado na parte noturna.
Em casos específicos, em que existe uma situação conhecida como ‘’diabetes insipidus’’, a qual a pessoa não consegue reter líquidos, um hormônio chamado ‘’desmopressina’’ pode ser usado via nasal. Essa medicação também costuma ser usada em crianças com enurese noturna.
A intenção desse conteúdo foi mostrar que um simples sintoma como urinar durante a noite pode representar uma gama muito ampla de sinais desde o sistema urinário, ao cardíaco e ao endócrino.
Desta forma, ressaltamos a relevância de procurar um urologista para fazer uma triagem e orientar a melhor estratégia em cada caso.
Noctúria tem solução, o importante é ter o diagnóstico correto para seguir a melhor forma de tratamento.
Nós, da Clínica Uro Onco, reforçamos que este conteúdo não deve ser usado como forma de autodiagnóstico ou automedicação. Sempre procure orientações feitas por um especialista e não interrompa um tratamento baseado nas informações extraídas da internet.
Seguimos à disposição sempre que necessário.
Escrito por: Sofia Carnavalli | Assessoria
de Imprensa do Dr. Bruno Benigno.
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